tarem satisfeitos com sua crença (doutrinária, religiosa,
filosófica) atual, o que é completamente legítimo; mas também pode ser por
terem algum preconceito contra o Espiritismo, e então se recusarem a sequer
levá-lo a sério (o que não é lá muito legal, mas devemos entender e respeitar,
sempre).
Pois é, mas não é disto que vamos tratar! Viemos falar sim daqueles casos em
que a pessoa até se aprofundou um pouco, conheceu os principais elementos da
Doutrina Espírita, de início até gostou e estava interessada, mas depois acabou
a rejeitando, a relegando ao esquecimento, por ter se deparado com dificuldades
em aceitá-la.
Essas dificuldades podem ser de muitos tipos: talvez se tenha tido uma idéia
inicial errada a respeito do Espiritismo, como a de ser a solução mágica (e automática)
para todos os problemas, e depois, claro, veio a inevitável decepção; ou talvez
o iniciante tenha... se assustado com o Espiritismo! Sim, essa é uma das
possibilidades, e é sobre ela que vamos falar hoje em especial.
O "susto" ao ter o primeiro contato com o Espiritismo é de todo
compreensível: descobre-se que nunca ou quase nunca se está de fato sozinho, já
que há bilhões de almas desencarnadas, em todo lugar, e elas não respeitam
barreiras físicas, só as espirituais, podem interagir conosco em diversos
graus, etc.
Descobre-se também que não existe tanta liberdade de pensamento assim, pois
tudo o que pensamos (de bom e de mau) produz efeitos sobre nós e também no
mundo espiritual, podendo, muitas vezes, ser "ouvido" ou
"percebido" pelos irmãos desencarnados (não sem alguns efeitos,
igualmente bons ou maus, conforme o que se pensou)...
Isto tudo pode assustar o iniciante. De uma hora para outra, conforme ele
começa a ter contato com o Espiritismo, o mundo como conhecia "vira de
pernas para o ar"!
Com o perdão de se estar fazendo uma analogia talvez um pouco infantil, é quase
como quando Harry Potter recebe a visita de Hagrid, no primeiro livro da série
(A Pedra Filosofal), e descobre que tudo que ele sabia até então não passava de
meia verdade: havia todo um mundo desconhecido (mágico, no caso de Harry;
espiritual, no caso do Espiritismo), mas que na verdade não tem nada de novo,
sempre esteve lá, só não se sabia.
Conhecer o Espiritismo, e toda a realidade que até então se ignorava, costuma
trazer sensações maravilhosas! Saber que a morte não existe, que nossos amados
e queridos que se foram nunca deixam de existir, que essa não é nossa primeira
nem nossa última vida, que apenas evoluímos como espíritos, não havendo como
regredir, que não há sofrimento eterno ("inferno" ou algo do gênero),
que há pessoas com "poderes mágicos" (faculdades mediúnicas)... tudo
isto traz reconforto e encantamento à alma!
Mas estes novos saberes implicam também toda uma dose de estranhamentos, como
os "sustos" que mencionamos, além de inúmeras responsabilidades que
muitas vezes nem sequer imaginávamos que tínhamos!
É, o Espiritismo traz grandes novidades, mas nem todas suaves aos ouvidos:
somos eternamente responsáveis por nossos atos, bons ou maus (há relativizações
e exceções, mas isso fica para um outro post); nossos débitos passados devem
ser "resgatados"; o suicídio não resolve os problemas, nem permite
que se fuja deles, muito pelo contrário, só os agrava (idem, isto também
renderia um outro post); somos talvez não os únicos, mas os maiores
responsáveis pelos nossos sofrimentos passados, atuais e futuros...
E tudo isto, para muitas pessoas, pode ser insuportável: um "preço"
muito alto para se acreditar no Espiritismo, mesmo que ele nos traga notícias
tão boas, e implique um conhecimento tão vasto sobre o "lado de lá"
da vida.
O que fazer então para ajudar esses nossos irmãos que, embora já conheçam ao
menos um pouco o Espiritismo e tenham o achado interessante, estejam receosos
de aceitá-lo?
Primeiro, seria interessante recomendar que procurem os livros com ensinamentos
teóricos básicos (O Livro dos Espíritos, O Evangelho segundo o Espiritismo, O
Livro dos Médiuns), e também aqueles com ensinamentos práticos (um bom começo é
a série de livros A Vida no Mundo Espiritual, que começa com Nosso Lar, todos
escritos pelo Espírito André Luiz e psicografados por Chico Xavier).
Também seria útil indicar Centros Espíritas sérios, onde sempre é possível
assistir a palestras, dialogar com colegas mais conhecedores do Espiritismo,
receber atendimento (caso precise), alugar livros, etc., tudo sem gastar nada.
Isto é importante porque, adquirindo maiores conhecimentos, o iniciante vai
descobrir que não há o que temer, em nenhum daqueles tópicos que mencionamos
(responsabilidades mil, espíritos em todo lugar, pensamentos
"audíveis", etc): para cada um deles, há uma razão (bela e divina) de
ser.
Fonte:Luz Espírita
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